Se não sabes o que fazer, Escreve

O título serviria para as noites mal dormidas, quando se instalam insónias ao deitar ou quando se enlouquece na madrugada, ao som insurdecedor do relógio de corda do vizinho. Se não sabes o que fazer, Escreve. As tuas memórias. As tuas tristezas. As tuas angústias. Os teus medos e inseguranças. Mas também as tuas ideias. Os teus projectos. Os teus sonhos. E depois dá-lhes forma. Recorta-as. Preenche as lacunas. Pinta-as. Borda-as. Dá-lhes cor. Seja a cor trágica do remorso, do rancor, da culpa ou da injustiça. Seja a cor brilhante da alegria, do amor, da coragem ou da esperança. Exprime os teus sentimentos. Sempre. Sem medo daquilo que pensarão acerca de ti. O mundo atualmente está demasiado focado em guerras políticas e psicológicas, notícias contraditórias, opiniões indecorosas, publicidade fortuita e pouco científica. Quando sofres esta poluição ruidosa nas redes sociais, nos canais televisivos ou nas conversas de rua e não sabes o que fazer, Escreve. Escrutina o significado das palavras empatia e compaixão e coloca toda a sua ênfase no papel.

Escrever dignifica o poder, a ambição e a liberdade da condição humana. Empodera o ser humano na reconciliação com "as velhas e autênticas verdades do coração".

Se não sabes o que fazer, Escreve. Com coração. Com devoção.