Drave. A magia escondida no vale da Serra da Freita
Quando falamos de magia escondida no vale de uma cadeia montanhosa poderÃamos pensar em fadas e dragões, gnomos, druidas ou bruxas. A imaginação não tem limites e além do fascÃnio causado, também ela é ilusionista. Drave, aldeia mágica, assim é conhecido este recanto sublime no enclave de um vale, na serra da Freita, fascina qualquer apreciador de natureza e história. Na verdade ilude-nos, não em fantasia, mas quanto à sua localização. Este mistério por desvendar não parece difÃcil de alcançar, sendo no entanto um ilustre equÃvoco. Quem pretender conhecer este passado recôndito, onde as casas de xisto contrastam com o branco imaculado da capela, no centro do púlpito da aldeia, e onde o som da água da ribeira rasga caminho entre as pedras, sobrepondo-se ao uivado vento na encosta, tem um longo caminho a cursar. Existem pelo menos duas alternativas. Uma delas é percorrer a pé o trilho de 4km, desde a aldeia de Regoufe (PR14), a outra é ir de carro pela estrada CM1123, virar em direção a Gourim e depois da placa assinalando a Casa Margou, seguir em frente, serpenteando a encosta até encontrar um pequeno parque de estacionamento. Os mais bem aventurados podem tentar chegar ao parque num carro citadino, com a certeza porém de que o regresso talvez não seja tão bem sucedido. Para ter a segurança de no caminho de volta não surgir uma surpresa desagradável, talvez seja melhor ir munido de uma viatura 4x4. Isso ou ir mesmo à aventura e rezar aos santinhos na hora da subida. Nós escolhemos fazer o percurso por Gourim, deixando o carro no estacionamento e seguindo a pé pelo trilho assinalado. O caminho de pedra, ladeado de flores campestres, indica-nos a dificuldade de outrora no acesso à aldeia. Desabitada desde 2009 é sobretudo base para o Corpo Nacional de Escutas, os quais têm beneficiado alguns dos edifÃcios anteriormente abandonados. Encontramos por certo a Magia. No verde das encostas, nas paredes de xisto desgastadas, nas placas assinalando os nomes das ruas, no imponente solar dos Martins, no empedrado do caminho, nas pequenas quedas de água da ribeira de Palhais que atravessa a aldeia, no chilrear dos pássaros, no vento a soprar sobre os campos de pasto cor de rosa, no silêncio do eco, nos lÃquenes abraçando as arvores frondosas, nos pingos de chuva gotejando no intervalo dos raios de sol. Respiramos silêncio, misticismo e imaginário num cenário de sonho do século passado. Na parede da capela da Nossa Senhora da Saúde lê-se "...chegou o telefone a 15 de novembro e a energia solar a 30 de dezembro de 1993...", memórias que quase seriam perdidas no tempo caso não ficassem esculpidas em pedra. Ali o tempo parou. A paz e tranquilidade segredada pelas suas ruinas, os murmúrios silvados pela água que percorre o seu caminho e o canto chilreado dos pássaros que a sobrevoam revelam o valor e a grandiosidade do tempo na aldeia de Drave. Ali perdura o tempo. Ali acontece Magia. Em Drave, a aldeia mágica e encantada da Serra da Freita.











