Recordar a vida
- Vanda Paulino
- 4 de ago. de 2021
- 1 min de leitura
Sou uma saudosista. Gosto de recordações. Conservo um cobertor de criança, mantenho roupa da adolescência, guardo as cartas antigas trocadas com uma amiga francesa, as fotografias de família desde a época da trisavó, o vestido de casamento, os brincos da bisavó e ainda mais um trilião de recordações físicas e emocionais. Porque me remontam à doçura da infância, à retumbante adolescência ou à avidez da fase adulta. Aqui volto atrás no tempo. Recordo. Engrandeço. E agradeço. Há mais de 20 anos comecei a passear por Portugal. De mochila às costas, de tenda, farnel preparado para três dias e máquina fotográfica ao pescoço. O tempo e a vida trouxeram-me o avião, os hotéis, o telemóvel e os restaurantes. E amei. Tempos áureos. Mas na realidade áureo é o tempo. Voltei ao farnel e ao nosso Portugal. A máquina fotográfica manteve-se, sendo auxiliada pelo telemóvel. A tenda ficou para sempre (julgo eu) guardada e presentemente, estou apropriada de um conceito extraordinário de férias rurais em pequenas casas. A vida dá nos sempre o que precisamos. Para perceber o que realmente importa. A felicidade não se mede pela grandiosidade mas pela qualidade. E essa, encontramos nos pequenos pormenores da vida. Tal como este pôr do sol. Em silêncio. Em harmonia. Em tranquilidade.

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