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Agradecer a Vida

  • Foto do escritor: Vanda Paulino
    Vanda Paulino
  • 17 de nov. de 2021
  • 3 min de leitura

Quando a mana mais nova me disse que queria ser mãe, pensei "Como assim? Ela ainda é uma criança". Deve ser esta ideia que os pais têm dos filhos quando eles já têm aí uns quarenta anos e aos olhos deles assemelham se a uns dez. Era desta a forma que a via. Ainda uma criança, ou talvez uma adolescente que gostava de sair com os amigos e dar pouca informação sobre a sua vida social, mas mãe e dona de casa já era talvez um pouco demasiado. Parece que ainda ontem corria atrás dela ora para lhe dar umas boas palmadas ora para a derreter de beijos. Naquela altura ainda me eram permitidos. Os açoites e os amassos. Mas a criança de feitio difícil, bastante indomável nas questões do sono, da comida e da obediência era agora uma mulher. A coragem, a determinação e um pouco da teimosia de outrora foram mantidas e estiveram bem espelhadas no momento do parto. O projecto 20-20, como referido pelo meu cunhado de forma brincalhona, mostrou-se ser bastante complexo. Qualquer mulher que tenha sido mãe durante esta vaga pandémica teve de se dotar de uma bravura cândida e de uma coragem intrépida. Estávamos confinados há uns dias quando a mana nos deu a notícia da gravidez. Uma felicidade ansiosa surgiu com a novidade. O que seria o futuro de todos nós? Mas um crescimento uterino assume-se sempre como um bom presságio. A mana foi uma grávida tão linda, irradiava uma luz tão profunda e uma felicidade tão grande. Estava tão crescida a minha menina. Mas se a gravidez foi tão gentil com ela, o parto nem tanto. Foram quase 30h sozinha, sem o pai da criança presente (exceto no momento do parto), a deambular pelos corredores, com dores e sempre de máscara, para conseguir colocar o Mateus no mundo. Impossível não sentir orgulho desta minha irmã que mais uma vez provou a força que a move. Para dar vida à frase que as "crianças nascem com cara de joelho", o Mateus era realmente um bebé um bocadinho feio. Só mais tarde, desfeitas as rugas dos apertos começou a delinear os traços delicados que o caracterizam. O regresso a casa foi difícil. Uma nova vida é um estado de graça, sem qualquer dúvida, mas depois de um cansaço físico e psicológico extremo, cargas hormonais massivas e um vírus pandémico é preciso uma força visceral para achar que noites mal dormidas, cólicas e aleitamento são fases engraçadas. O Mateus, se deu descanso à mãe durante a gestação, decidiu que estava na hora de a fazer conhecedora daquilo que a avó passou com ela. "Cá se fazem, Cá se pagam" deve ter pensado a Ana Maria...certamente que não, esta avó continua a ser o pilar da família e a conseguir transformar o pouco em muito. Tem sido a grande ajuda da mana e julgo que agora, melhor do que nunca, ela consegue dar o devido valor àquilo que a mãe fez por ela. Hoje o Mateus é um bebé lindo, com uns olhos azuis deliciosos e um sorriso que derrete o coração. E a mãe dele, é uma mulher extraordinária, longe do estereótipo de criança reguila que a caracterizou. Agora é o filho que defende esse título. Noites mal dormidas, brigas para comer e uma teimosia refinada são a sua imagem de marca. Juntamente com a alegria irradiada naquela cara de safado. Irá despedaçar corações, com toda a certeza e provavelmente fazer crescer muitos cabelos brancos à mãe de tanta preocupação, mas em abono da verdade, com muito estilo!

Hoje celebramos o primeiro aniversário desta criança que nos trouxe tanto. É caso para agradecer à vida! Que privilégio tê-lo conosco!💙



 
 
 

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